Fábio Damião Barbosa Ricci
Em São Paulo, uma pesquisa do Instituto Datafolha [1] revelou que o paulistano perde, em média, 109 minutos por dia no trânsito. Ao todo, 23% dos paulistanos perdem mais de duas horas por dia no trânsito.
Muitos fatores podem contribuir para os congestionamentos, que ocorrem principalmente quando o número de automóveis ultrapassa a capacidade de uma via. O principal fator de origem deste problema é o tempo ocioso que um veículo permanece nas ruas, quando encontra um semáforo sinalizando parada enquanto não há veículos trafegando na via em que se deseja atravessar. Através do controle adaptativo de tempo de sinalização semafórica, é possível otimizar o fluxo de trânsito sem a necessidade de acompanhamento do ritmo de mudanças de condições de tráfego nas vias, promovendo um menor acúmulo de carros com a evolução do tempo.
O projeto SAWIM, desenvolvido pelo autor durante trabalho de conclusão de curso [2] é uma tentativa de resolver esses problemas através de comunicação através por redes sem fio em malha [3], ou Wi-Mesh.
Semáforos têm vantagens enormes como torres para comunicação sem fio: são da prefeitura, o que minimiza custos de aluguel e têm acesso livre uns aos outros. Afinal, os motoristas têm que poder ver os semáforos que, por isso são altos e têm visão desimpedida por obstáculos ao longo das pistas.
Por esta razão, semáforos tem sido usados em cidades digitais como torres para instalação de APs [4] para a rede mesh.
Em poucas palavras, o hardware desenvolvido para o projeto para controlar um semáforo pode ser descrito como:
- um AP que vai fazer comunicação com outros APs da rede mesh, além de conter software específico para sincronização de APs. O software original do AP (seu firmware) é trocado por um Software Livre que o controla, chamado Freifunk [5]. Sobre este sistema, uma variação do GNU/Linux é que são desenvolvidos softwares específicos para controle de APs;
- um módulo para controlar o semáforo, ligado ao AP através de de TCP/IP, o que lhe permite passar ao semáforo comandos do AP. Também é capaz de interagir com o sensor de presença e repassar informações dele ao AP;
- um módulo adicional de presença, que comunica ao módulo de controle o número de carros passando -- normalmente implementado através de sensores no solo. É possível que nem todos módulos do SAWIM possam contar com esse recurso. Neste caso, os módulos do sistema que contam com esse recurso o repassam aos outros.
Tanto AP quanto o módulo de controle estão protegidos das intempéries por uma caixa hermética.
Um ponto importante no projeto é que a tolerância a falhas das redes mesh [3] favorece o projeto, uma vez que semáforos são aplicação de missão crítica.
Uma visita à Transpoquip [6] feira específica sobre trânsito, mostrou que os fabricantes se interessariam muito por uma solução similar àquela do SAWIM. Apesar de questionamentos sobre a maturidade do software para controle dos semáforos -- o SAWIM estaria sendo comparado com sistemas com dezenas de anos de desenvolvimento --, os técnicos das empresas se mostraram interessados na tolerância à falhas da rede mesh.
Uma das razões para isso foi observada recentemente: devido às chuvas, os semáforos da região de Pinheiros deixaram de funcionar. Aparentemente, a água entrou nos fios de comunicação e controle de semáforos.
Edição: Hilton Garcia Fernandes, a partir de texto em [2]
Referências
[1] Paulistanos apóiam transporte público, segundo o Datafolha
Visitado em 12/02/2010
[2] Fabio Damião Barbosa Ricci, Sistema integrado WiMesh para controle, automação semafórica e comunicação com Internet (Sigla: SAWIM) Trabalho de conclusão de curso apresentado na Escola Politécnica da Universidade São Paulo, em 9 de Outubro de 2009. São Paulo, SP, Brasil
[3] Redes mesh e grafos
Visitado em 12/02/2010
[4] Municipal Wireless Broadband and the Digital Community Report — City of Boulder, Colorado October 12, 2006
Visitado em 12/02/2010
[5] Freifunk
Visitado em 12/02/2010
[6] TranspoQuip Latin America 2009
Visitado em 12/02/2010
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