terça-feira, 2 de março de 2010

O que é Traffic shaping, afinal?

Rodrigo Filipe Silva Carramate


Traffic shaping [1], ao contrário do que muitos pensam, não é apenas uma forma de os provedores comerciais limitarem taxas de transferência dos chamados heavy users, que transferem muita informação pela Internet. É bem verdade que há inúmeros relatos de usuários que dizem ter sido afetados pelo traffic shaping, sobretudo daqueles adeptos do peer-to-peer (como eMule e BitTorrent) [2], mas esta prática questionável por parte dos provedores está longe de ser a única utilidade do shaping, que, quando bem utilizado, pode tornar as redes muito mais produtivas.

Do inglês shaping (em português, formatar ou modelar), o nome já elucida bastante a finalidade do procedimento, que nada mais é do que modelar a banda da rede, ou ainda atribuir um perfil de controle de banda à rede.

O leitor pode, então, se perguntar porque deveria querer introduzir limites em sua rede, quando, na verdade, quer maximizar sua capacidade. Para responder a esta pergunta devemos nos lembrar que os diferentes tipos de tráfego na rede também têm diferentes prioridades: ninguém ficaria incomodado de enviar um e-mail e este chegar um ou dois segundos mais tarde ao seu destinatário. Por outro lado, se esta pessoa estiver em uma videoconferência com o seu chefe em Miami e tiver que esperar os mesmos dois segundos entre cada palavra que ele diz, a situação tende a ficar bastante desagradável. Os dois casos citados explicam um dos benefícios do uso do traffic shaping: a priorização de tráfego, que tem por objetivo atrasar a transmissão de pacotes menos urgentes a fim de entregar mais rapidamente outros mais prioritários, esta característica do traffic shaping constitui um dos mecanismos de QoS [3], ou a tentativa de garantir diferentes níveis de serviço da rede para diferentes aplicações dela.

Uma outra vantagem do uso do traffic shaping é a quantização de banda por tipo de tráfego. Para explicar a necessidade desta utilização vamos supor que esteja em seu escritório, a poucas horas da entrega daquele relatório essencial para a conclusão do projeto, quando misteriosamente a rede, tão necessária para o término do relatório, demora minutos para carregar uma simples página da Internet. Por outro lado, no computador ao lado seu colega faz download de músicas através de torrents a alta taxa de transferência. Há grandes chances de as conexões criadas pelo seu colega estarem utilizando toda a banda disponível para a Internet na rede do escritório. Obviamente nesta situação exagerada, poderíamos simplesmente bloquear a utilização de torrents na empresa, mas suponhamos que, por alguma razão, seu uso seja necessário.

Desta forma seria necessário limitar a taxa de transferência concedida a esse tipo de tráfego, o que se trata de uma outra utilidade do traffic shaping. Com as taxas para o download e upload de torrents limitadas, a navegação na Web certamente ficaria mais rápida.

Outra face do traffic shaping é o agendamento de perfis, no qual o gerente da rede, por meio de ferramentas adequadas ao seu sistema operacional, implementa o disparo automático de configurações pré-programadas, desta forma podendo adequar as quantidades de banda às necessidades específicas dos vários horários.

No caso de cidades digitais [4] temos uma grande variedade de usos, devido à complexidade das redes. Podemos, por exemplo, imaginar uma cidade em que tenha sido projetada uma rede para atender tanto a repartições da prefeitura quanto à população em geral. Uma regra de traffic shaping apropriada a essa estrutura seria reservar uma quantidade razoável de banda às repartições durante os seus respectivos horários de funcionamento. Esta medida preveniria o uso de todos os recursos pela população, evitando limitações na conectividade da prefeitura. Do mesmo modo, após o horário de funcionamento poderia se estabelecer uma regra onde essa banda fosse novamente disponibilizada à população, promovendo melhora na conexão a ela oferecida.

Podemos, então, entender o traffic shaping como um conjunto de regras planejado a fim de otimizar a rede e moldá-la a necessidades específicas. Infelizmente há quem o utilize para lesar consumidores. Por exemplo, proibindo tráfegos como Peer-to-Peer, ou a telefonia pela Internet, chamada VoIP [5].

Referências

[1] Traffic shaping
Visitado em 26/02/2010

[2] Quality of Service
Visitado em 26/02/2010

[3] Peer_to_peer
Visitado em 26/02/2010

[4] O que é Cidade Digital?
Visitado em 26/02/2010

[5] VoIP

Visitado em 26/02/2010

Saiba Mais

Controle de tráfego

QoS

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